segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uma história, muitos sentimentos...

Boa tarde pra quem se dispõe a ler as minhas asneiras! Parabéns, vocês merecem um prêmio. Hahaha
Ontem, quando fui dormir, fiquei pensando na vida e tive uma ótima ideia ( pelo menos na minha humilde opinião) pra um post aqui no blog. Já que eu só falo de mim mesma, resolvi mudar um pouquinho e homenagear as mulheres famosas que eu mais admiro, as minhas DIVAS. Provavelmente quem vai ler isso aqui já me conhece, e portanto já sabe que essas mulheres me inspiram de alguma forma. Entretanto, não custa nada saber um pouco mais sobre elas, não é mesmo? Vale a pena, elas foram mulheres incríveis, de personalidade forte e a frente de seu tempo. Cada uma delas merece um post, portanto, não vou falar de todas nesse aqui. Começarei por aquela que assim como eu, acreditava que escrever era a melhor forma de entendimento. Uma ótima escritora, amada por muitos e incompreendida por todos: Clarice Lispector.
Biografia:
Nascida na Ucrânia em 1920 veio ainda bebê para o Brasil, onde mudou seu nome de Haia para Clarice, assim como seus outros familiares. De Maceió foi para Pernambuco e em Recife entrou na escola, aos 8 anos. Em 1930 perdeu sua mãe, e ainda nesse ano começou a escrever. O Diário de Pernambuco, um jornal existente na época, recusava todas as histórias de Clarice, já que essas, diferentemente das outras crianças, não tinham enrredos nem fatos, somente sensações. Em 1934, seu pai, depois de uma época de prosperidade fiananceira decide  se mudar para o Rio de Janeiro. Nessa época, já uma adolescente, Clarice lia romance adocicados. Durante o ginásio (correspondente ao ensino médio atual), entra em contato com autores nacionais como: Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado. Em 1939, entra para a Faculdade Nacional de Direito ( atual Faculdade Federal do Rio de Janeiro). Trabalha como secretária num escritório de advocacia. A partir de 1940 tem vários contos publicados, e nesse mesmo ano seu pai falece. Passa a morar com a irmã Tania, já casada, no bairro do Catete. Consegue um emprego de tradutora no temido Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP, dirigido por Lourival Fontes. Como não havia vaga para esse trabalho, Clarice ganha o lugar de redatora e repórter da Agência Nacional. Inicia-se, ai, sua carreira de jornalista. Uma curiosidade dessa época é que a escritora convive em seu trabalho com Lúcio Cardoso, por quem manteve uma paixão não correspondia, já que o escritor era homossexual ( coitada!). Em 1942, começa a namorar com Maury Gurgel Valente, seu colega de faculdade. Com 22 anos de idade, recebe seu primeiro registro profissional, como redatora do jornal "A Noite". Um ano depois casa-se e seu marido entra para a carreira diplomática. Mudam-se para  Belém do Pará. Seu livro recebe boas críticas mas foi também bastante incompreendido, e os leitores procuram referências em Virginia Woof e James Joyce, sendo que ela sequer tinha os lido. Volta para o Rio em 1944 e nesse mesmo ano muda-se para a Itália, fato que a deixa demasiadamente triste por ficar longe da família. Em carta que envia para o Brasil, escreve: "Na verdade não sei escrever cartas sobre viagens, na verdade nem mesmo sei viajar." Recebeu ainda em 1944, o prêmio Graça Aranha pelo Livro Perto do Coração Selvagem, considerado melhor romance do ano. Começa a escrever outro romance, O Lustre, que é publicado em 1945. Após o lançamento do livro passa quatro meses aqui no Brasil. Em 1948, fica grávida e dá a luz a seu filho Pedro. Em 1949 volta ao Rio e depois á Inglaterra, onde sofre um aborto expontâneo. Continua a escrever vários romances e em 1952 engravida de Paulo, seu segundo filho. Ela continua a escrever A Maçã no Escuro, em meio a conflitos domésticos e interiores. Mãe, Clarice Lispector divide seu tempo entre os filhos, A Maçã no Escuro, os contos de Laços de Família e a literatura infantil. Nos Estados Unidos, Clarice conhece o renomado escritor Erico Veríssimo e sua esposa Mafalda, dos quais torna-se grande amiga. O escritor gaúcho e sua esposa são  escolhidos para padrinhos de Paulo. Não tem sucesso seu projeto de escrever uma crônica semanal para a revista "Manchete". Tem a agradável notícia de que seu romance Perto do coração selvagem seria traduzido para o francês. Em 1959, separa-se do marido e volta ao Rio com seus filhos. Em maio de 1965, muda-se para o apartamento comprados em 1963. Sua obra passa a ser vista com outros olhos — pela crítica e pelo público leitor — após A paixão segundo G. H. Resultado de uma seleta de trechos de seus livros, adaptados por Fauzi Arap, é encenada no Teatro Maison de France o espetáculo Perto do coração selvagem, com José Wilker, Glauce Rocha e outros. Dedica-se à educação dos filhos e com a saúde de Pedro, que apresenta um quadro de esquizofrenia, exigindo cuidados especiais. Apesar de traduzida para diversos idiomas e da republicação de diversos livros, a situação financeira de Clarice é muito difícil. Na madrugada de 14 de setembro a escritora dorme com um cigarro aceso , provocando um incêndio. Seu quarto ficou totalmente destruído. Com inúmeras queimaduras pelo corpo, passou três dias sob o risco de morte — e dois meses hospitalizada. Quase tem sua mão direita — a mais afetada — amputada pelos médicos. O acidente mudaria em definitivo a vida de Clarice. ( estão vendo? não fumem!). Clarice entra em depressão por causa das cicatrizes, apesar do apoio de seus amigos. Quase 10 anos depois Clarice continua publicando seus romances e escrevendo em vários jornais. Como se não bastasse o trauma com as queimaduras, em 1975, Clarice é mordida no rosto pelo seu cão  Ulisses ( gente boa demais), e é submetida a uma cirurgia plástica reparadora pelas mãos de seu amigo e cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Em 1976, seu filho Paulo casa-se e  Clarice dá uma entrevista para José Castello, do jornal O globo, que foi publicada pela Tv Cultura somente depois de sua morte. Nessa entrevista Clarice estabelece o seguinte diálogo com o jornalista :
J.C. "— Por que você escreve?

C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"

J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."

C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."

Essa entrevista é o máximo, pra quem quiser assistí-la, ta ai o link :
http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok (essa ai é a primeira parte, mas são 5 , se não me engano)

Clarice faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes do seu 57° aniversário vitimada por uma súbita obstrução intestinal, de origem desconhecida que, depois, veio-se a saber, ter sido motivada por um adenocarcinoma de ovário irreversível.  Sua sensibilidade e seu talento, porém, estarão para sempre imortalizá-dos em suas obras.
Por tudo isso e muito mais que eu adoro a Clarice, como escritora e como mulher que foi. Descobri outro dia que essa minha paixão pode ter fundamento na minha infância, já que quando eu tinha uns 7 ou 8 anos, meu pai comprou pra mim um livro infantil escrito por ela, chamado O ovo e a galinha, publicado em 1971.
Para finalizar, algumas citações dela que eu mais gosto ( gostaria de ressaltar que não há nenhuma com qual eu não me identifique e  acredito que Clarice tinha um dom muito raro de descrever emoções e sentimentos como ninguém):
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
(Perto do Coração Selvagem)

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós." ( Essa eu amo!)

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."

Sem mais palavras, porque perto da magnificência dessa autora, eu me sinto completamente analfabeta.
Esperem pela próxima Diva. Até mais.


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